O LADO NEGRO DA TELA AZUL

Na história da humanidade, até o surgimento da luz artificial, o sol era a principal fonte de iluminação e as pessoas passavam a noite na escuridão praticamente total. Atualmente em grande parte do mundo no entanto isso já não é verdade, as noites são sempre mais “iluminadas”. Mas até que ponto isso traz um problema para a saúde?
Para aproveitar as noites iluminadas nossa saúde está pagando um preço – o de modificar e desregular nosso relógio biológico. O seu sono vai embora, a qualidade de sono idem, e pior, contribui com várias doenças como câncer, diabetes, doença cardíaca e obesidade.
Mas nem todas as cores da luz têm o mesmo efeito. Os comprimentos de onda azuis – que são benéficos durante o dia porque aumentam a atenção, os tempos de reação e o humor – parecem ser os que mais afetam à noite. E esse comprimento de luz azul é a mais utilizada nos eletrônicos que fazem parte da nossa vida, como smartphones, TVs e computadores.
O principal efeito é que a partir do momento em que essa poluição luminosa altera nosso ritmo circadiano (relógio biológico, que controla nosso ciclo de sono-vigília), reduzimos a produção de melatonina, um importante hormônio. A melatonina além de controlar nosso sono “profundo” é também participante na nossa resposta imunológica.
Um estudo de Harvard lançou um pouco de luz sobre a possível conexão ao diabetes e, possivelmente, à obesidade. Os pesquisadores colocaram 10 pessoas em um cronograma que gradualmente mudou o tempo de seus ritmos circadianos. Os níveis de açúcar no sangue aumentaram, colocando-os em um estado pré-diabético, e os níveis de leptina, um hormônio que deixa as pessoas saciadas após uma refeição, diminuíram.
Fontes:
Protecting the Melatonin Rhythm through Circadian Healthy Light Exposure, 2014
Effect of Light on Human Circadian Physiology, 2009
Harvard Health Publishing, 2017